terça-feira, 31 de março de 2015

LPO - MOSTEIRO DE SÃO BENTO

O mosteiro de São Bento fica localizado no Morro de São Bento, no Centro da cidade do Rio de Janeiro. Sua fundação data do século XVI, através da iniciativa de monges beneditinos vindos da Bahia: Pedro Ferraz e João Porcalho. Sua construção, porém, só começou no século XVII, através do projeto do engenheiro militar Francisco de Frias da Mesquita, cujo projeto seguiu o estilo Maneirista, vigente em Portugal. Originalmente, o nome do mosteiro era Mosteiro de São Bento de Nossa Senhora da Conceição, mas, no início do século XVII, trocou o nome para Mosteiro de São Bento de Nossa Senhora de Monteserrat, segundo historiadores, para homenagear o então Governador da Capitania do Rio de Janeiro, Dom Francisco de Souza, que tinha essa Nossa Senhora por devoção. 

 Foto antiga do Mosteiro de São Bento, a partir da atual
 Praça XV. Reparem nas duas torres sineiras e o frontão 
triangular da fachada principal da igreja.


A fachada do mosteiro, bastante sóbria, segundo o estilo Maneirista, compõe-se da igreja e da entrada do convento. A igreja possui três arcos no seu pórtico, duas torres sineiras, e um frontão triangular. Ladeando a igreja estão as duas entradas alpendradas do convento, sendo que a principal é a do lado esquerdo, onde existe, desde o século XVII, uma pequena imagem de S. Bento, a qual foi moldada por Frei Agostinho de Jesus.

Fachada principal do Mosteiro, no estilo Maneirista Português: ao centro está
 a Igreja e as entradas alpendradas nas laterais. A entrada principal
 do convento é a da esquerda.

Visão do entalhe da porta da entrada do convento. Em cima
 da porta, bem no meio do frontão triangular, está a imagem de
 S. Bento, a qual se encontra ali desde o século XVII.

Após passarmos os arcos da entrada da igreja, temos a galilé (construção arquitetônica, normalmente na entrada de um templo), a qual possui paredes decoradas por belíssimos azulejos portugueses e o seu piso possui mosaicos muito bonitos e uma bela Rosa dos Ventos, a qual aponta para Jerusalém. No final do século XIX, na entrada da galilé, foram colocados portões gradeados de ferro, ricamente decorados. Situa-se no exterior do edifício e é constituída por telhado ou cobertura, que protege a entrada da Igreja. Por vezes é decorada com arcos, estátuas, trabalho em ferro, etc.

Vista lateral da galilé, com o seu piso, sua parede com azulejos portugueses e os 
belos portões de ferro, que foram confeccionados no século XIX.

Ao longo dos séculos, o mosteiro foi adquirindo a sua forma, a qual está até hoje conservada. Ainda no século XVII, o projeto original foi alterado por Frei Bernardo de São Bento Correa e Souza, que colocou três naves na Igreja, em vez de uma, no projeto original. O mosteiro anexo à Igreja só foi concluído no século XVIII, com a construção do claustro, projetado pelo engenheiro militar José Fernandes Pinto Alpoim.
Nota: claustro é um tipo de arquitetura religiosa que existe nos mosteiros, conventos, abadias, e nas catedrais. Compõe-se de quatro corredores em forma de quadrado e um jardim bem no centro. É um lugar de recolhimento e oração dos religiosos, normalmente vedado ao público. Boa parte dos claustros também possui nas suas dependências um cemitério dos sacerdotes.

Visão geral do claustro.

A decoração interna da igreja compõe-se de talhas douradas, que vão do período Barroco ao Rococó. Ladeando o altar-mor estão as estátuas de S. Bento e Santa Escolástica, esculpidas por Frei Domingos da Conceição, que também fez parte da talha da nave e do altar-mor. No topo do altar-mor a imagem da Nossa Senhora do Montesserat, titular da igreja. No início do século XVIII, trabalharam no entalhamento da maior parte da nave e várias imagens os artistas Alexandre Machado Pereira, José da Conceição e Silva, e Simão da Cunha. A Capela-Mor possui as telas sobre a vida dos santos beneditinos, pintadas pelo monge Frei Ricardo do Pilar (século XVII), que também pintou na Sacristia uma belíssima tela do Senhor dos Martírios, outro artista de grande importância para a igreja foi Inácio Ferreira Pinto, grande escultor do estilo rococó que, ao final do século XVIII e início do século XIX, realizou grandes reformas na decoração, mas preservou os principais detalhes da decoração original. O artista refez a Capela-Mor e, no lugar da capela lateral de S. Cristóvão, esculpiu a linda capela do Santíssimo. Ladeando o Altar-Mor estão os lampadários feitos por Mestre Valentim (século XVIII).
A igreja possui, além da Capela do Santíssimo, sete capelas laterais: Nossa Senhora da Conceição, São Lourenço, Santa Gertrudes, São Brás, São Caetano, Nossa Senhora do Pilar e Santo Amaro. Já dentro da igreja, ao lado da entrada, fica o Batistério, onde existe uma bela imagem de S. Cristóvão. 

Nave central: os dois anjos e os assentos laterais onde os padres
 rezam e cantam nas missas com Canto Gregoriano.

Outra vista da nane central, onde podemos observar os dois
 lampadários de prata feitos por Mestre Valentim.

Podemos citar também o lindo órgão Berner, localizado na parte superior da igreja, sobre a entrada principal.  O mosteiro possui uma esplêndida biblioteca, onde lá estão livros muito antigos, da época que ainda eram escritos a mão. O acesso a essa biblioteca é bem restrito, apenas os padres e pesquisadores podem ver o acervo.

Vista da igreja no sentido da entrada. 
Em cima está o famoso órgão Brener.

Órgão Brener.

Atualmente, a Igreja é aberta ao público de segunda a sexta das 07:00 às 11:00 horas, e das 14:30 até às 17:30 horas. Um ponto alto é a sua missa de domingo às 10:00 horas, que é realizada na forma tradicional, com os celebrantes entrando em procissão pelo pórtico, e com os padres entoando Cantos Gregorianos durante toda a missa. É uma das missas mais concorridas da cidade.
O Mosteiro possui diversas atividades educativas, além de promover em várias ocasiões retiros espirituais para casais.
Pelo fato de estar localizado num morro, o Mosteiro possui vários lugares onde podemos apreciar belas paisagens da cidade, principalmente a Baía da Guanabara.

COLÉGIO SÃO BENTO.

Em 1858 Frei Luís da Conceição Saraiva fundou o colégio, em regime de externato. No início do século XX foi então construído um prédio para abrigar o colégio, inicialmente chamado de Ginásio São Bento.  Em seguida foram criados outros cursos a fim de atender à população de baixa renda: Escola Noturna S. José, Escola Popular, e o ensino formal e  profissionalizante da Fazenda Três Poços em Campos dos Goitacazes.  Em 1929 inaugurou-se o novo prédio do Ginásio São Bento, no número 42 da Rua D. Gerardo, ao lado do Morro de São Bento. Na década de 1930 fundou-se o primeiro internato na ilha de Paquetá e, ainda na mesma década, foi transferido definitivamente para o Alto da Boa Vista.
Esta estrutura do Ginásio no Mosteiro permaneceu até o final da década de 1960 quando, então, foram construídas as novas dependências do colégio, e o antigo prédio do ginásio passou a abrigar a administração do Mosteiro.
O Colégio de São Bento possui um dos melhores ensinos do Brasil, e sempre se destaca como um dos campeões dos vestibulares e das provas do Enem. O colégio é dirigido por um reitor padre pertencente à Ordem, e podemos destacar o reitor D. Lourenço de Almeida Prado, que administrou a instituição de 1955 a 2001.

Vista do colégio.

Referências: site do Mosteiro de São Bento RJ, site do Colégio São Bento RJ, livro Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro, Livraria Agir Editora, 1955.

Fotos: Google Imagens, Flickr, Instituto de Arte Organística, José Antônio Caldas.

Equipe LPO

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