O
mosteiro de São Bento fica localizado no Morro de São Bento, no Centro da
cidade do Rio de Janeiro. Sua fundação data do século XVI, através da
iniciativa de monges beneditinos vindos da Bahia: Pedro Ferraz e João Porcalho.
Sua construção, porém, só começou no século XVII, através do projeto do
engenheiro militar Francisco de Frias da Mesquita, cujo projeto seguiu o estilo
Maneirista, vigente em Portugal. Originalmente, o nome do mosteiro era Mosteiro
de São Bento de Nossa Senhora da Conceição, mas, no início do século XVII,
trocou o nome para Mosteiro de São Bento de Nossa Senhora de Monteserrat,
segundo historiadores, para homenagear o então Governador da Capitania do Rio
de Janeiro, Dom Francisco de Souza, que tinha essa Nossa Senhora por
devoção.
Foto antiga do Mosteiro de São Bento,
a partir da atual
Praça XV. Reparem nas duas torres sineiras e o frontão
triangular da fachada principal da igreja.
A
fachada do mosteiro, bastante sóbria, segundo o estilo Maneirista, compõe-se da
igreja e da entrada do convento. A igreja possui três arcos no seu pórtico,
duas torres sineiras, e um frontão triangular. Ladeando a igreja estão as duas
entradas alpendradas do convento, sendo que a principal é a do lado esquerdo,
onde existe, desde o século XVII, uma pequena imagem de S. Bento, a qual foi
moldada por Frei Agostinho de Jesus.
Fachada principal do Mosteiro, no
estilo Maneirista Português: ao centro está
a Igreja e as entradas alpendradas
nas laterais. A entrada principal
do convento é a da esquerda.
Visão do entalhe da porta da entrada do
convento. Em cima
da porta, bem no meio do frontão triangular, está a
imagem de
S. Bento, a qual se encontra ali desde o século
XVII.
Após
passarmos os arcos da entrada da igreja, temos a galilé (construção arquitetônica, normalmente na
entrada de um templo), a
qual possui paredes decoradas por belíssimos azulejos portugueses e o seu piso
possui mosaicos muito bonitos e uma bela Rosa dos Ventos, a qual aponta para
Jerusalém. No final do século XIX, na entrada da galilé, foram colocados
portões gradeados de ferro, ricamente decorados. Situa-se no exterior do
edifício e é constituída por telhado ou cobertura, que protege a entrada da
Igreja. Por vezes é decorada com arcos, estátuas, trabalho em ferro, etc.
Vista lateral da galilé, com o seu piso, sua
parede com azulejos portugueses e os
belos portões de ferro, que foram
confeccionados no século XIX.
Ao longo dos
séculos, o mosteiro foi adquirindo a sua forma, a qual está até hoje
conservada. Ainda no século XVII, o projeto original foi alterado por Frei
Bernardo de São Bento Correa e Souza, que colocou três naves na Igreja, em vez
de uma, no projeto original. O mosteiro anexo à Igreja só foi concluído no
século XVIII, com a construção do claustro, projetado pelo engenheiro militar
José Fernandes Pinto Alpoim.
Nota: claustro é um tipo de
arquitetura religiosa que existe nos mosteiros, conventos, abadias, e nas
catedrais. Compõe-se de quatro corredores em forma de quadrado e um jardim bem
no centro. É um lugar de recolhimento e oração dos religiosos, normalmente
vedado ao público. Boa parte dos claustros também possui nas suas dependências
um cemitério dos sacerdotes.
Visão geral do claustro.
A
decoração interna da igreja compõe-se de talhas douradas, que vão do período
Barroco ao Rococó. Ladeando o altar-mor estão as estátuas de S. Bento e Santa
Escolástica, esculpidas por Frei Domingos da Conceição, que também fez parte da
talha da nave e do altar-mor. No topo do altar-mor a imagem da Nossa Senhora do
Montesserat, titular da igreja. No início do século XVIII, trabalharam no
entalhamento da maior parte da nave e várias imagens os artistas Alexandre Machado
Pereira, José da
Conceição e Silva, e Simão da Cunha. A Capela-Mor possui as telas sobre a vida
dos santos beneditinos, pintadas pelo monge Frei Ricardo do Pilar (século XVII),
que também pintou na Sacristia uma belíssima tela do Senhor dos Martírios, outro
artista de grande importância para a igreja foi Inácio Ferreira Pinto, grande
escultor do estilo rococó que, ao final do século XVIII e início do século XIX,
realizou grandes reformas na decoração, mas preservou os principais detalhes da
decoração original. O artista refez a Capela-Mor e, no lugar da capela lateral
de S. Cristóvão, esculpiu a linda capela do Santíssimo. Ladeando o Altar-Mor
estão os lampadários feitos por Mestre Valentim (século XVIII).
A
igreja possui, além da Capela do Santíssimo, sete capelas laterais: Nossa
Senhora da Conceição, São Lourenço, Santa Gertrudes, São Brás, São Caetano,
Nossa Senhora do Pilar e Santo Amaro. Já dentro da igreja, ao lado da entrada,
fica o Batistério, onde existe uma bela imagem de S. Cristóvão.
Nave central: os dois
anjos e os assentos laterais onde os padres
rezam e cantam nas missas com Canto
Gregoriano.
Outra vista da nane
central, onde podemos observar os dois
lampadários de prata feitos por Mestre
Valentim.
Podemos
citar também o lindo órgão Berner, localizado na parte superior da igreja,
sobre a entrada principal. O mosteiro
possui uma esplêndida biblioteca, onde lá estão livros muito antigos, da época
que ainda eram escritos a mão. O acesso a essa biblioteca é bem restrito,
apenas os padres e pesquisadores podem ver o acervo.
Vista da igreja no
sentido da entrada.
Em cima está o famoso órgão Brener.
Órgão Brener.
Atualmente,
a Igreja é aberta ao público de segunda a sexta das 07:00 às 11:00 horas, e das
14:30 até às 17:30 horas. Um ponto alto é a sua missa de domingo às 10:00 horas,
que é realizada na forma tradicional, com os celebrantes entrando em procissão
pelo pórtico, e com os padres entoando Cantos Gregorianos durante toda a missa.
É uma das missas mais concorridas da cidade.
O
Mosteiro possui diversas atividades educativas, além de promover em várias
ocasiões retiros espirituais para casais.
Pelo
fato de estar localizado num morro, o Mosteiro possui vários lugares onde podemos
apreciar belas paisagens da cidade, principalmente a Baía da Guanabara.
COLÉGIO SÃO BENTO.
Em
1858 Frei Luís da Conceição Saraiva fundou o colégio, em regime de externato.
No início do século XX foi então construído um prédio para abrigar o colégio,
inicialmente chamado de Ginásio São Bento.
Em seguida foram criados outros cursos a fim de atender à população de
baixa renda: Escola Noturna S. José, Escola Popular, e o ensino formal e profissionalizante da Fazenda Três Poços em
Campos dos Goitacazes. Em 1929
inaugurou-se o novo prédio do Ginásio São Bento, no número 42 da Rua D.
Gerardo, ao lado do Morro de São Bento. Na década de 1930 fundou-se o primeiro
internato na ilha de Paquetá e, ainda na mesma década, foi transferido
definitivamente para o Alto da Boa Vista.
Esta
estrutura do Ginásio no Mosteiro permaneceu até o final da década de 1960
quando, então, foram construídas as novas dependências do colégio, e o antigo
prédio do ginásio passou a abrigar a administração do Mosteiro.
O
Colégio de São Bento possui um dos melhores ensinos do Brasil, e sempre se destaca
como um dos campeões dos vestibulares e das provas do Enem. O colégio é
dirigido por um reitor padre pertencente à Ordem, e podemos destacar o reitor
D. Lourenço de Almeida Prado, que administrou a instituição de 1955 a 2001.
Vista do colégio.
Referências: site do Mosteiro de São Bento RJ,
site do Colégio São Bento RJ, livro Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro,
Livraria Agir Editora, 1955.
Fotos: Google Imagens, Flickr, Instituto de
Arte Organística, José Antônio Caldas.
Equipe LPO
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