Praça dos Arcos da Lapa.
Agora vamos
voltar no tempo e falar da história do bairro. Pode-se dizer que o seu
povoamento iniciou-se no século 18 e, neste mesmo século, foram feitas duas
obras da maior importância na cidade: os Arcos da Lapa e o Passeio Público. Os
Arcos da Lapa, ou Aqueduto da Carioca, foi um aqueduto construído para levar a
água do rio Carioca, que nasce no Corcovado e deságua na Praia do Flamengo, que
era a principal fonte de abastecimento de água potável da cidade, cuja área
urbanizada se resumia ao atual bairro do Centro. As primeiras obras de colhimento das águas do
rio começaram no início do século 17, mas só foram concluídas na segunda década
do século 18, no governo do Vice-Rei Aires Saldanha. A água era canalizada a partir do atual
bairro de S. Tereza, transportada pelo aqueduto até o Largo da Ajuda (atual
Cinelândia) e depois levada até o Largo de S, Antônio (atual Largo da Carioca).
O primeiro aqueduto foi construído em madeira e, cerca de 20 anos depois, após
vários danos à sua estrutura, foi feito o atual, de pedra e óleo de baleia
revestido de cal, no governo do Vice-Rei Gomes Freire. No final do século 19, a
cidade já possuía outras fontes de água, e então o aqueduto perdeu a sua função,
mas tornou-se um caminho de bonde que faz até hoje a ligação do Centro até o
bairro de S. Tereza. Embora esteja temporariamente desativado e em fase de
restauração há mais de dois anos, o bondinho de S. Tereza, como a linha é
conhecida, ainda é um importante meio de transporte para os moradores do
bairro, mas também tornou-se muito procurada pelos turistas. Os Arcos da Lapa
formam a principal obra arquitetônica do Brasil Colonial e do Império, possui
42 arcos, tem cerca de 270 metros de comprimento, e dezessete metros de altura.
O Passeio
Público, o primeiro parque público das Américas, foi construído também no
século 18, nas imediações da Lapa, onde havia uma grande lagoa chamada de
Boqueirão, a qual era fétida e transmitia muitas doenças. O então Vice-Rei D.
Luís de Vasconcelos mandou que se fizesse um parque público no lugar. Entregou a incumbência ao grande Mestre
Valentim, autor de inúmeras obras pela cidade. A lagoa foi aterrada e o parque
foi construído, inicialmente no estilo francês, mas no século 19, no reinado de
D. Pedro II, foi reformado e mudou o seu estilo para o inglês, que permanece
até hoje.
Quanto ao
bairro, propriamente dito, a Lapa ficou conhecida como um lugar de vida
noturna, com muitos cabarés e prostíbulos. Apesar de ter desenvolvido um bom
comércio e possuir habitações de todas as classes, o bairro como local de
boemia. A partir do final do século 19 essa vida noturna começou a aparecer, e
o lugar tornou-se então o mais famoso da cidade para quem procurava este tipo
de diversão. Mas podemos dizer que também na Lapa tocava-se boa música nos
cabarés, e vários artistas começaram suas carreiras ou foram grandes
freqüentadores do lugar. Até os anos 1930 era o ponto de encontro dos artistas,
intelectuais, e políticos. O músico Pixinguinha começou sua carreira tocando em
cabarés da Lapa. Noel Rosa, o poeta Manuel Bandeira, os pintores Di Cavalcanti
e Cândido Portinari, o escritor Luís Martins e o grande ator, radialista, e
compositor Mário Lago, são exemplos de grandes freqüentadores dali. Cândido
Portinari morou por um tempo na Lapa quando voltou de Paris, na década de 1930.
Por ter esta freqüência, o bairro também era chamado de “Montmatre
Carioca”. Um outro grande personagem da
Lapa foi o malandro Madame Satã, que reinou por lá e era muito temido por sua
habilidade de lutador de capoeira e no uso da navalha.
Mural
pintado na Rua Teotônio Regadas com frequentadores famosos da Lapa; da esquerda
para direita: João do Rio, Rosinha, Villa-Lobos,Noel Rosa, Manuel Bandeira,
Portinari, Di Cavalcanti, e em cima Madame Satã.
Início da Rua da Lapa, igreja do sec. 18: Igreja de Nossa Senhora do Carmo da
Lapa do Desterro
A partir dos
anos 1950 a Lapa passou por um grande período de decadência e má conservação,
com muita violência, que se estendeu até o início do século 21, quando então
foi redescoberta. Neste período existiam poucos bares que atraíam cariocas e
turistas: Carioca da Gema, Bar Brasil, Nova Capela, Cosmopolita, o Circo
Voador, e outros poucos. A partir deste momento, a vida noturna foi aumentando,
vários novos bares foram abertos, e a praça em frente aos Arcos foi
transformada em local de vida noturna popular, com várias barracas de bebidas e
comidas.
Não podemos
nos esquecer de falar do Circo Voador. Isto começou no início dos anos 1980,
por iniciativa do ator Perfeito Fortuna da companhia teatral Asdrúbal Trouxe o
Trombone, à qual também pertenceram Regina Casé, Patrícia Travassos, Luis
Fernando Guimarães, Evandro Mesquita. Inicialmente foi montada na praia do
Arpoador em Ipanema uma lona de circo, e o objetivo era ter um lugar onde os
artistas pudessem mostrar o seu trabalho a preços populares. Depois mudou-se
para a Lapa, e hoje, apesar de existir mais a lona de circo, o lugar continua
sendo um dos principais pontos de shows de música do Rio. Pode-se dizer que o
Circo foi o principal berço do Rock Nacional dos anos 1980, e por ali passaram
todos os conjuntos de Rock da época: Kid Abelha, Biquíni Cavadão, Barão
Vermelho, Blitz, Paralamas do Sucesso, Titãs, Erasmo Carlos, Rita Lee, além de
toda a galera da MPB.
Circo Voador.
Podemos citar
um ponto turístico muito conhecido do bairro: a Escadaria Selaron, obra do
artista plástico chileno Jorge Selaron. Fica na Rua Manoel Carneiro, que possui
uma escadaria que dá acesso ao bairro de S. Tereza, e que foi totalmente
azulejada pelo artista com azulejos verde, amarelo, e azuis, em homenagem à
nossa bandeira, e azulejos vermelhos nas laterais, por ser a cor preferida de
Jorge e também por ser a cor predominante da bandeira do Chile. Ao longo do
tempo foram sendo adicionados azulejos trazidos pelos turistas, que o artista
foi mesclando com os originais. Atualmente é um dos pontos mais procurados
pelos turistas que visitam a cidade.
A
Escadaria e o próprio artista Jorge Selaron.
Outro lugar
interessante da Lapa é a Fundição Progresso, que originalmente era uma
metalúrgica que fabricava fogões, cofres, e gradis para as janelas dos
sobrados. Fechou nos anos 1970 e, quando ia ser demolida, houve um grande
movimento da população local e de um grupo de artistas, e então foi tombada e deu lugar a um grande local de
espetáculos e gastronomia.
Fachada da Fundição
Progresso.
A
revitalização do lugar também fez a Lapa tornar-se um bairro procurado pela
classe média da cidade a fim de comprar imóveis para moradia. Nos últimos dez
anos surgiram vários empreendimentos mobiliários no bairro. Atualmente muitos
turistas procuram hospedagem no bairro, o que fez com que vários sobrados
antigos se transformassem em Hostels.
Mas o negócio
hoje na Lapa é mesmo a vida noturna, principalmente de quinta-feira a sábado. A
seguir, vejam várias fotos da vida noturna mais famosa do Rio.
Imagens: Google Imagens
Por: José Antônio Caldas
Guia de turismos na cidade do Rio de Janeiro
Contato: (21) 98869-6358
contato@loucosporoculos.com
Equipe LPO
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